- Editorial:
- ATRAVES. AGAL (ASSOCCIAÇION GALEGA DA LINGUA)
- Año de edición:
- 2023
- ISBN:
- 978-84-16545-79-7
- Páginas:
- 184
- Encuadernación:
- Rústica
- Colección:
- < Xenérica >
101 FALARES COM JEITO
VASQUEZ CORREDOIRA, FERNANDO
Os campos léxicos e semânticos que sofreram de forma mais acentuada a invasão castelhana (eclesiástico, legal, educativo, científico, comercial, industrial, técnico e mediático) recobrem exatamente as áreas da vida social das quais o galego (quer dizer, as pessoas que falavam galego) foi excluído ou nem chegou a participar. Esta invasão acabou por atingir tal intensidade que nalguns casos os galego-falantes espontâneos são incapazes de reconhecer algumas palavras tradicionais como galegas, e consideram o castelhanismo substituto como autenticamente galego. (H. Monteagudo e A. Santamarina, Galician and Castilian in contact: historical, social and linguistic aspects, in Rebecca Posner; John N. Green (eds.), Trends in Romance Linguistics and Philology, vol. 5 (1995), pp.163. (Tradução do inglês de Fernando V. Corredoira).
Só nalguns casos? Apenas palavras? Unicamente os falantes espontâneos? E, mais fundamentalmente, são os galego-falantes, espontâneos ou não, capazes de reconhecer o lugar que ocupa a sua língua entre os idiomas peninsulares? Suspeito que, no fundo, deveríamos admitir a nossa ignorância sobre o que é um castelhanismo? Ou, por outras palavras, será que sabemos bem o que é authentically Galician?
Falar com jeito, pelo contrário, é um instrumento que resulta duma concepção ecuménica do galego (da língua galega, naturalmente) enquanto que parte a integrar no espaço da língua comum a língua portuguesa, assim dita e conhecida porque foi a nação portuguesa que a tornou língua nacional e internacional. Esta visão da nossa língua e de nós mesmos já não é nenhuma novidade. Aqui damo-la por ponto assente, por puro instinto de sobrevivência.