- Editorial:
- EDITORIAL LAIOVENTO, S.L.
- Ano de edición:
- 2020
- ISBN:
- 978-84-8487-476-8
- Páxinas:
- 160
- Encadernación:
- Rústica
- Colección:
- Ventoalto
O BOSQUE SEM SAÍDA
RODRÍGUEZ BAIXERAS, XAVIER
Ninguém sabe abrir a porta que conduz aos âmbitos da solidão. Não há saída do labirinto do bosque vazio. Existe, por acaso, uma porta de entrada, a que se reproduz na capa deste livro, a de duas fechaduras que, na sua sucessão, marcam o contraste entre o tempo da memória e o da idade invernal onde habita, com pouco afã mas sem aceitar o encanto da desesperança, o poeta. É a mesma porta que se abre às estâncias da casa da Marinha, permanentemente revisitada por Xavier Rodríguez Baixeras, quem na dupla entrega de O bosque sem saída elabora com exemplar valentia o dramático discurso do deterioro, a decadência, a derrota. A casa da Beira Norte e de Visitantes transpira hoje o odor de cansaço e de fermento.
O aparelho simbólico que o poeta maneja com notável rigor indagatório desde os dias da sua estreia no ofício, lá nos anos setenta do passado século, retesa mais do que nunca nos poemas de O bosque sem saída o eixo do sentido e abre o rumo expansivo da polissemia para um discurso de reflexão substancial, um de cujos núcleos emocionais é a estoica e mesmo gratificante- aceitação do cansaço existencial, uma sorte de elegante estado de ataraxia cultivado com consciência. Cultivas o cansaço na fragrância/ do que foi, confessa o poeta em declaração na frente do espelho. Esse mesmo espelho reflete a imagem dupla da memória ainda reconfortante e a da idade vaga, invernal do habitante do bosque sem saída.
Xosé Mª Álvarez Cáccamo